segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Consciência

Do latim “conscientia”: conhecimento sobre algo partilhado com alguém.

1- A percepção imediata mais ou menos clara, pelo sujeito, daquilo que se passa nele ou fora dele (sinônimo de consciência psicológica). A consciência “espontânea” é a impressão primeira que o sujeito tem de seus estados psíquicos. Difere da consciência “reflexiva”, ou seja, do retorno do sujeito a sua impressão primeira, permitindo-lhe distinguir o seu “Eu” de seus estados psíquicos. “Campo de consciência” é o conjunto dos fatos psíquicos presentes na consciência do indivíduo.

2- Do ponto de vista moral, a consciência é o juízo prático pelo quais nós, como sujeitos, podemos distinguir o bem e o mal e apreciar moralmente nossos atos e os atos dos outros. Nesse sentido, falamos de “consciência moral”. Quando dizemos que alguém tem “boa consciência” queremos significar que possui sentimento, fundado ou não, de ser irrepreensível nesse ou naquele ato de sua conduta geral. A expressão “má consciência” é utilizada para designar o sentimento de mal-estar ou de culpa moral, de arrependimento ou remorso, de um indivíduo que não conseguiu realizar bem, como queria, ou que não conseguiu realizar completamente seu dever, aquilo pelo que se julgava responsável.

3- Não podemos empregar o termo “consciência” de maneira absoluta: toda consciência é consciência de alguma coisa, isto é, a necessidade, para a consciência, de existir como consciência de outra coisa distinta dela mesma.

“O homem é um ser-no-mundo!” (Heidegger)

4- Em nossos dias, nem o sujeito do discurso e nem tampouco o sujeito psicológico e o sujeito histórico podem ser definidos relativamente a uma consciência fundadora de verdade ou, mesmo, liberdade. Longe de ser a fonte de todo conhecimento ou de toda ação, frequentemente ela se revela como desconhecimento: não somente é impotente para conhecer-se a si mesma, mas pode converter-se em fonte de ilusões tenazes, que são outros tantos obstáculos à formação dos saberes que definem nossa modernidade. É o que mostra, por exemplo, a “teoria do inconsciente” de encontramo-nos diante do problema da mentira da consciência ou da consciência como mentira. (Freud)

5- Hegel fala da “consciência infeliz”, ou seja, do estado da consciência de si que culmina no dilaceramento cristão entre a “encarnação” da perfeição divina e o sentimento que o indivíduo tem de não identificar-se com essa perfeição.

6- A “tomada de consciência” é o ato pelo qual a consciência intelectual do sujeito se apodera de um dado da experiência ou de seu próprio conteúdo. ‘Num sentido mais moral e político, consiste no ato pelo qual o indivíduo se dá conta ou compreende sua situação real e concreta, estando em condições de tirar delas as consequências e assumi-las. Fala-se mesmo de uma “tomada de consciência” coletiva’ .

7- “Consciência de classe” designa, para os teóricos marxistas, o conjunto de conteúdos da consciência que, na realidade, são determinados pelo pertencimento a uma classe social e, por conseguinte, pela posição que sujeito ocupa no sistema econômico. Assim, a consciência de classe de um burguês seria necessariamente contrária à de um proletário, pois seus interesses são divergentes.

Fonte: JAPIASSÚ, Hilton. MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 53-54; 268.

Questionário da atividade para nota:

01- Quais são os tipos de consciência apresentados pelo texto e o que é cada um?
02- No terceiro parágrafo há uma afirmação absolutista, transcreva-a como negação.
03- Qual é a "teoria do inconsciente" criada pelo pai da psicanálise no início do séc. XIX?
04- Qual o sentido moral e político da "tomada de consciência"?
05- Por que na "consciência de classe", a própria consciência deve ser, necessariamente, contrária?